Rui Paulo Figueiredo: “Contribuímos para a qualidade do agroalimentar”

A SIMAB integra quatro mercados abastecedores que servem as regiões de Lisboa, Alentejo, Algarve e Minho, e que no conjunto têm cerca de 1500 empresas instaladas. O MARL é o “porta-aviões”. Rui Paulo Figueiredo, presidente da SIMAB (Sociedade Instaladora de Mercados Abastecedores), considera que os mercados abastecedores contribuíram para o desenvolvimento do setor agroalimentar em Portugal.

26 anos depois, o que mudou com a implementação de uma rede nacional de mercados abastecedores?

— Passámos a ter muito mais qualidade no serviço prestado, pelo que contribui para a melhoria da qualidade do setor agroalimentar. Hoje, os mercados abastecedores são grandes plataformas logísticas de base agroalimentar, com qualidade de instalações, qualidade de serviços e, nos últimos anos, têm feito um caminho de diversificação ao nível dos serviços que oferecem. Além dos espaços e dos serviços tradicionais de segurança, limpeza, gestão de resíduos, temos protocolos ao nível de comércio eletrónico, de fomento de importação-exportação e certificação de produto. Depois, pelo simples facto de se retirar os antigos mercados abastecedores dos centros das cidades, houve efeitos no planeamento urbano, trânsito, estacionamento e cargas e descargas.

Como é que estes mercados abastecedores influenciaram as empresas e a economia?

— Há uma transformação. Tínhamos um comércio agroalimentar muito mais tradicional e de pequenas e médias empresas. Hoje, mantemos as pequenas e médias empresas, todos os nossos espaços têm espaço para pequenos produtores e grossistas, mas temos médias e grandes empresas, empresas que importam, que exportam, que produzem, que são filiais de multinacionais, empresas que têm um volume de negócios de milhões. Assistimos a uma qualificação do setor agroalimentar, cada vez mais ativo no comércio internacional e a criar valor para a economia do país.

Quantas empresas estão na Simab?

— Cerca de 1500 empresas. O MARL [Mercado Abastecedor da Região de Lisboa] é o grande porta-aviões do grupo, o grande mercado abastecedor do país. São 101 hectares com cerca de 900 empresas. Os outros têm cerca de 600. Há espaço para receber mais, mas não muito. Na área edificada estamos praticamente preenchidos. Em Braga e Faro o espaço está totalmente preenchido, por isso é que estivemos a fazer investimentos para aumentar a área edificada. No MARL, o segmento agroalimentar também está totalmente preenchido, há espaços nos outros segmentos. Em Évora, na área edificada, tudo o que é logística, transportes e serviços complementares também está praticamente lotado, mas há algum espaço na área agroalimentar.

Ponderam aumentar a área dos mercados abastecedores?

— Temos estado a aumentar. Aumentámos em 6500 metros quadrados com a Rangel e com a Bosch na área da logística, que é um dos segmentos que o nosso plano estratégico identificava e que é de suporte ao projeto de interesse nacional da Bosch na região de Braga. Estamos a iniciar o processo de aumentar em 3200 metros quadrados a área em Faro e no MARL, aí com investimento privado – estamos a iniciar a construção de nove mil metros quadrados. Também temos muitos outros investimentos de remodelação de áreas que os privados estão a fazer. Aqui no MARL temos cerca de 13 milhões de euros de investimento privado a decorrer.

Qual é o volume de negócios dos mercados?

— No grupo Simab, a nível consolidado, o volume de negócios que esperamos é de 17,8 milhões de euros. Em comparação com 2015 – eu cheguei em 2016 – o volume de negócios cresceu 16%. O nosso resultado líquido em 2015 era perto de 4,2 milhões e aumentou 12%, foi de 5,5 milhões no ano passado. Mas ainda mais relevante é a diminuição da dívida. Quando esta administração iniciou funções, a dívida do grupo Simab, dívida financeira líquida, era de 67,37 milhões de euros, agora espera-se que no final do ano seja de 46,5 milhões.

Os mercados estão a dar lucro?

— Os mercados estão a dar um resultado líquido positivo de um modo muito consistente entre os cinco e os seis milhões e com a diminuição acentuada da nossa dívida, aquilo que nós esperamos é que em cinco ou seis anos os mercados abastecedores estejam com resultado líquido acima dos oito milhões de euros.

A Simab tem acordos com países como o Brasil, a Índia, o Uruguai, a Argentina e mais recentemente com a China. Uma maior internacionalização das empresas portuguesas é uma aposta?

— Sim. Nós encaramos a nossa função como de interesse público e de ajudar a economia do país. Aproveitamos o nosso know-how para apoiarmos a criação de outros mercados abastecedores ou espaços comerciais e de revitalização de existentes. Entendemos que também temos de contribuir para a criação de mais oportunidades de negócio para as empresas que aqui estão. Se estamos inseridos numa união mundial de mercados abastecedores, em que estão largos milhares de empresas nessas plataformas logísticas, é nosso objetivo colocá-las em contacto. Se aumentarmos as nossas exportações, estamos a contribuir para o crescimento económico do país.

Relativamente à China, um país que tanto se fala devido às questões com os EUA, que importância terá a cidade comercial que vão instalar em Cixi?

— É interessante do ponto de vista da própria rentabilidade e know-how da nossa atividade, uma vez que já temos os recursos humanos, mas poderá ser interessante enquanto mais um meio de abertura de canais para a exportação dos nossos produtos. Foram assinados vários protocolos entre parceiros privados portugueses e chineses aquando da visita do Presidente da República à China, num seminário em Xangai por nosso intermédio e, desse ponto de vista, acho que vamos contribuir para aumentar as exportações.

CONVERSAS GRUPO SIMAB – TSF/DINHEIRO VIVO

|https://www.dinheirovivo.pt/iniciativas/rui-paulo-figueiredo-contribuimos-para-a-qualidade-do-agroalimentar/|

2019-11-12T17:07:51+00:00 Setembro 16, 2019|

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